DESCUBRA A INSPIRADORA HISTÓRIA DE UM DOS MAIORES LAGOS ARTIFICIAIS DO MUNDO
Quando observamos Brasília de norte a sul, percebemos que o Lago Paranoá é um local cheio de histórias. Muitos espaços para diversão, meditação, lazer, esportes, náutica e muito mais. É difícil não querer visitar o lago e conhecer suas memórias. O local oferece tantas possibilidades de diversão, que encantar-se por ele, meditar à sua margem ou apreciar o nascer e pôr do sol se torna, praticamente, inevitável. Muitas pessoas, certamente, pensam que o Lago Paranoá sempre existiu. A bem da verdade, é bem difícil imaginar Brasília sem ele. Há ainda os que pensam que o lago é mais uma criação do idealizador de Brasília Lucio Costa, ou do arquiteto Oscar Niemeyer.
De fato, o idealizador do Lago Paranoá foi o engenheiro, botânico e paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, membro integrante da 2ª Comissão Cruls ocorrida de 1894 a 1895, a qual determinou como poderia se construir o lago de Brasília.
Glaziou era um observador atento da natureza, e não apenas percebeu a viabilidade de execução do Lago, mas, também apontou a solução técnica para a constituição do mesmo, a qual foi adotada mais de 60 anos depois, no momento da construção de Brasília.
Através do trecho da carta de Glaziou podemos fazer referência a criação do lago: […] “Entre dois grandes chapadões na localidade pelos nomes de Gama e Paranoá, existe imensa planície em parte sujeita a ser coberta pelas águas da estação chuvosa”.
Anos após a Comissão Cruls, os urbanistas Raul Penna Firme, Roberto Lacombe e José de Oliveira Reis elaboram um estudo preliminar para a Nova Capital. Esse estudo privilegiava a construção do Lago, pois assim constava no relatório: “Projetou-se uma barragem a jusante do rio, que se transforma num lago ornamental […]”
E foi mediante o fechamento da brecha nos paredões das chapadas, com a “obra de arte” hoje conhecida por barragem do Paranoá, que o Lago Paranoá surgiu. Tudo isso para que se cumprisse o Art. 4º do Ato das Disposições Constitucionais Provisórias da Constituição de 1946, que voltava a indicar a previsão de mudança da Capital Federal, deixada de lado pela Constituição de 1937.
Resgatava- se assim, o ideal de uma capital no interior do país, proposto pela primeira Constituição da República Brasileira, de 1891, cujo propósito, entre outros, era permitir uma ocupação mais racional das dimensões continentais do país.
No entanto, a data real da criação do Lago Paranoá ocorre quando da exigência de um lago, a qual constava no edital do concurso que elegeria o projeto arquitetônico e urbanístico da nova capital do país. Em 30 de setembro de 1956 foi lançado o edital e publicado no Diário Oficial. Foram contabilizadas 63 inscrições, e na data de entrega, apenas 26 projetos são conferidos.
Lucio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa, mais conhecido como Lucio Costa, cumpre a exigência de um projeto urbanístico no qual demandava a construção de um lago, cujo nível das águas seria a cota de 1000 metros acima do nível do mar.
No seu plano vencedor, Lucio Costa chama o Lago de lagoa e o descreve no item 20 do Relatório Descritivo do Plano Piloto de Brasília – 1959: “Evitou-se a localização dos bairros residenciais a orla da lagoa, a fim de preservá-la intacta, tratada com bosques e campos de feição naturalista e rústica para os passeios e amenidades bucólicas de toda a população urbana”.
“[…]O Lago Paranoá foi fundamental desde o início e não foi proposta minha. Quando foi escolhido o local da nova capital já havia a possibilidade de se fechar aquela garganta e criar o lago. De modo que o lago foi uma peça fundamental na proposta da nova capital. Acho, de fato, que se deve tornar o lago mais acessível para a maioria da população”.
A construção da barragem se inicia em 1957, sob responsabilidade da construtora americana Raymond Concrete Pile of the Americas, mas o constante atraso nas obras impedia a concretização da promessa de campanha, feita em 1955, pelo Presidente Juscelino Kubitschek, de que a inauguração de Brasília ocorreria em abril de 1960.
Por isso, Juscelino rescinde o contrato e transfere o comando da construção da barragem para a NOVACAP, que dividiu o trabalho com as construtoras Camargo Corrêa, Rabello e Engenharia Civil e Portuária.
Para o Presidente Juscelino Kubistchek, era inconcebível a inauguração de Brasília sem o lago: “Como inaugurar Brasília sem o lago tão amplamente anunciado e que, além do mais, seria a moldura líquida da cidade?”.
À época, havia quem pensasse que a obra do Lago não se concretizaria. O colunista Gustavo Corção, do jornal O Globo, não acreditava que, por conta do terreno arenoso do planalto central, o lago encheria. Entretanto, dia 12 de setembro de 1959, no dia do aniversário do Presidente, fez-se a inauguração da barragem. Oito meses depois, assim que o lago atingiu a famosa cota mil, o colunista recebeu uma mensagem via telegrama bem humorada do Presidente Juscelino Kubitschek:“Encheu, viu?”
Assim, por entre as matas recortadas, um vale de vegetação torta, se torna um imenso canteiro de obras, sendo desbravado por operários vindo de todos os cantos do Brasil fazendo, hoje, do Lago Paranoá um local de diversão, em que a orla oferece uma caminhada, um pedalar contra a brisa suave, o velejar nas calmas águas ou simplesmente meditar e observar o nascer e o pôr do sol.